sexta-feira, 4 de maio de 2007



Olhar e ver
Tudo que acaba de morrer.
Estar mais feliz
Mesmo sabendo que eu nada fiz.

Rasgar minha alma
Neste inferno que perde sua calma. (*Me enforcar com uma gota*)
Encontrar uma criança no caminho
Triste, num canto, sozinho:

Você não irá sorrir,
Não irá dormir,
Não irá sonhar,
Nunca mais poderá amar...

Farei parte de seu sofrimento
Como de todas as vidas que atormento.
Um demônio irá brotar,
Mas só quando sua vida começar.

Mais uma tristeza
Que mata de uma criança a pureza.
Vou acabar com sua felicidade
Apenas com minha triste maldade.

Cortarei seu corpo
E sentirei o gosto de me ver morto.
Quero vê-lo agonizar
E sorrirei ao vê-lo chorar.

Irei, com todo o gosto, tortura-lo...
Para que ninguém mais possa amá-lo!
Os vermes vão entrar em sua alma,
E eu continuarei nessa serena calma.

Você irá chorar e pedir perdão:
Mas eu apenas devorarei seu coração.
Quero que sofra em todos os sentidos
E descubra que morreram os seus amigos.

Sentir e sorrir ao vê-lo sofrer
Pois depois disso nunca mais irá viver.
Uma longa sombra irá te devorar
Após todo o seu corpo começar a sangrar.

Uma luz baterá em seu rosto
E do meu olhar você sentirá o gosto.
E quando os insetos acabarem com sua vida
Descobrirá que apenas não quis encontrar a saída!



Arquivo Morto    



Afogo em copos
o instinto inócuo
de rasgar diários,
degolar as fotos.

Um dia quando
não me doerem mais
já servirão de capa,
nota de rodapé,

nem sei!

Atestando o ódio
que deixei pra trás,
bilhete suicída
que nunca farei... 

Calafrios




Calafrios

Transpiro de pavor, o medo me percorre a espinha...
Alastrando-se dentro de mim o calafrio que me habita.
Faz frio aqui dentro...
Pedra de gelo...
Holocausto e fobia.

Rezo um terço, rogo ave-maria
Com as mãos tremulas segurando as contas frias,
Dedilhando em cada prece, suando frio,
Clamando pela luz divina.

Calafrios...
Que me percorrem a espinha,
Pelas preces não ouvidas,
Querem calar meus lábios,
Secar minha boca fria.

O terror me imobiliza,
Imóvel eu fico buscando uma saída
Olhos paralisados no tempo
Lágrima congelada e aflita.

Choro sangue por dentro
Que me escorre pelas vísceras
A dor que emana em mim é cruel e ímpia.

Calafrios...
O Pai da Luz te excomunga
Para que a fé sobreviva...
Neste peito congelado
Que ainda resta vida.

Amor e Ódio


Eu te amo, com todo ódio que te tenho
Amo com o mais suave dos venenos
com o mais doce sentimento
com a dor mais profunda
de alguém chora em silêncio

****

Eu te amo....
com todo ódio que te tenho!
amo como a fragilidade de uma flor
amo como a força de um guerreiro.

****

Eu te amo
e te odeio!
com todos os sentimentos
como a tempestade que passa
como o assobio de um leve vento.

****

Eu te odeio, porque amo demais
este amor que te tenho!

O teu silêncio



O teu silencio

Corta-me o teu silêncio,
No meio do meu peito...
Como navalha amolada
Cortando aos poucos...
Cruel e gelada.

O teu silêncio me apaga
A única chama que me resta
A única luz que me arrebata

Um silêncio que me cala...
Que me amarra e sufoca
Na forca dos incompreendidos,
No nó que me enrosca.

O teu silêncio queima-me
Com febre de não te ouvir,
Arde como brasa dentro de mim,
Teu silêncio é como fogo
a me consumir.

E nas chamas deste teu silêncio
Resta-me falar por ti...

Pensativa


Pensativa

Mãos no rosto,
Como quem esconde o desgosto
Dos dias cinzentos, do lodo,
De uma mente presa,
Que pensa o tempo todo.

Solidão que me desatenta,
Tornando-me mais sonolenta
Almejando sonhos de uma alma sedenta
Por mais lucidez e clareza.
Pensativa...
Alimentando-me de incertezas.

Boca entre aberta...
Palavras dispersas,
Fagulhas de pensamentos
De uma vida que tem pressa

O que me resta
Nesta tarde sem entregas?
Pensamentos que me acompanham
No espectro de uma fresta.

Pensativa...
Olhando da janela,
Vendo o dia partir com tanta pressa,
Deixando-me em sentinela,
Pensando em cada dia
Que a vida me leva.

Desconhecida


Não reconheço meu olhar...
Que a muito tempo se perdeu,
Nas curvas de uma estrada...
Nas encruzilhadas do meu eu.

Desconheço-me
Diante deste espelho...
Face de alguém oprimido,
Face de alguém em desespero.

Não me reconheço mais, me esqueço,
Sinto-me só...
Um espantalho da meia noite
Um punhado de pó.

Um ser omisso, sem voz.
Que não amanheceu com
A luz frouxa do nascer do sol.

Eu anoiteci, me esqueci...
Guardando-me para as estrelas
Não me reconheço mais...
Sou o fantasma da lua cheia.

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